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TV
DIGITAL INTERATIVA E EDUCAÇÃO
Sergio Ferreira do Amaral - Lantec-FE-UNICAMP - amaral@unicamp.br Este é um artigo de projeto em andamento desenvolvido em pareceria com a Diretoria TV Digital do CPqD e a Faculdade de Educação da UNICAMP, que objetiva estabelecer um desenvolvimento de conteúdo educacional de apoio aos professor em sala de aula em 02 Escolas de Ensino Fundamental na região de Barão Geraldo em Campinas, SP , mediatizada pela TV Digital Interativa como ferramenta de busca e desenvolvimento de conteúdo multimídia interativo nas práticas pedagógicas. A fundamentação teórica metodológica esta centrada em uma pedagogia da comunicação que objetiva difundir e orientar produções audiovisuais realizadas pelos próprios professores e alunos; abordar a linguagem audiovisual a partir de análises dos gêneros televisivos e facilitar o acesso de educandos e educadores a linguagem da TV estimulando principalmente a produção. Introdução O Brasil tem aproximadamente 55 milhões de estudantes que estão no ensino básico (creche, pré-escola, alfabetização, ensino fundamental, ensino médio e médio profissionalizante, educação especial e educação de jovens e adultos), em cerca de 214 mil estabelecimentos de ensino públicos e privados. A maioria (87,6%) está matriculada na rede pública. Se considerado apenas o ensino fundamental, são 90,8% dos alunos na rede pública. Atualmente o Brasil possui 2,4 milhões de funções docentes na educação básica, destes 259 mil são professores de pré-escola, 809 mil de 1ª a 4ª série, 801 mil de 5ª a 8ª série e 468 mil no ensino médio. Atualmente, a televisão possui o potencial de instrumento de apoio para a formação da população por estar presente em cerca de 88% dos lares brasileiros e possuir cobertura nacional. Além disso, a familiaridade que a população tem com a TV pode facilitar a adaptação ao uso desse aparelho para outras finalidades além do simples ato de assistir passivamente à programação. As mudanças no sistema escolar em função da chegada das novas tecnologias do conhecimento nos indica a necessidade de estudar a relação entre comunicação e educação de modo interdisciplinar, pois, os atuais estudiosos dessas áreas estão procurando resgatar a unidade intrínseca destes tratados que nem sempre se encontraram unidos. O CPqD e a Faculdade de Educação da Unicamp, antecipando-se à esperada difusão da TV Digital, estão desenvolvendo tecnologias de serviços para esta plataforma de comunicação. Em função da sua importância, a teleducação, telemedicina e a inclusão digital foram escolhidas como temas principais. As tecnologias desenvolvidas não se limitam, no entanto, a somente essas aplicações, elas poderão e deverão ser aplicadas no desenvolvimento de novos serviços que abordem outros temas, tais como entretenimento, mensagem, comunicação, transação e informação. Os dados na forma de vídeo, áudio, gráfico e texto poderão utilizar a futura plataforma de TV Digital para serem acessados, baixados, armazenados e vistos mais tarde, de forma que a TV possa ser um meio tão rico de acesso à informação quanto o computador pessoal. O serviço apresentado neste artigo faz parte do Projeto de TV Digital Interativa que está sendo desenvolvido no CPqD com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel). Uma das principais dificuldades, na utilização da televisão como meio de transmissão de conhecimento, é a visão majoritária que este é um meio de difusão de entretenimento e não de educação. Apenas 31% dos brasileiros assistem freqüentemente a programas ou canais educativos na TV e os principais motivos alegados por quem não assiste esse tipo de programa/canal é a falta de interesse (31%), falta de tempo para assisti-los (25%) e o fato do programa passar muito cedo (25%). Além disso, os programas educacionais são considerados “chatos” por muitas pessoas, não se tornando um atrativo capaz de levar lazer e entretenimento. A TV Digital, por sua vez, representa uma revolução, combinando as características tradicionais da televisão analógica com as potencialidades do computador pessoal e com o impacto da Internet na sociedade. Além disso, ao utilizar parte significativa da infra-estrutura existente da televisão analógica, se beneficiará do alto grau de penetração dessa tecnologia. Caracterização do Ambiente Educacional O futuro parece nos conduzir inevitavelmente para o estabelecimento de redes baseadas na fibra óptica por onde circulam áudio, vídeo e dados, em pacotes condensados que permitirão a interatividade e o fim do consumo televisivo ingênuo e unidirecional. No ano de 2010, provavelmente, as televisões serão digitais, nos ocuparemos mais com a seleção e controle do bit, ou seja, com a informação. Estaremos diante de um meio diferente, poderemos ver e escutar as notícias ou ver uma partida de futebol quando desejarmos e, o mais importante estaremos diante de uma TV Interativa. Consequentemente, se a programação televisiva vai ser digital a forma de acesso a ela e de controle também o será. O televisor parecerá mais a um computador que a um televisor. Concluímos então, que o conceito que temos hoje de um aparelho de televisão vai deixar de existir. Não se fabricarão televisores e sim computadores de diversos tamanhos alimentados com imensas quantidades de memórias e grande capacidade de processamento de informação. A educação para o uso da TV Digital e Interativa
encontra sua máxima expressão quando docentes e alunos têm
a oportunidade de criar e desenvolver através dos meios suas próprias
mensagens, Schaeffer (1990) diz que: "para ler as imagens, igual
aos textos escritos, não se deve esquecer que é necessário
aprender simultaneamente a "escrever". A expressão através
da TV Interativa, como estratégia motivadora e desmitificadora,
requer , portanto, não apenas decifrar a linguagem da comunicação,
mas sim servir-se dela". A TV Digital abre as portas, de uma maneira muito especial, para a alfabetização audiovisual permanente, possibilita e fomenta nos espectadores a capacidade de produzir e analisar suas próprias mensagens. Utilizando a TV desta forma, a educação estaria promovendo a intervenção social, potenciando uma educação dinâmica, cooperativa e solidaria, e a partir de um conceito social de liberdade, estaria desenvolvendo a imprescindível formação para a cidadania. Essa nova perspectiva comunicacional televisiva, altera a função cotidiana da televisão profundamente. Como sugere Lafrance (1994): "a relação que (a velha televisão) estabelecia com o espectador era de tipo vertical, paternalista e autoritária: lhe ensinava algo, lhe informava de... lhe apresentava um espetáculo.(...) Em resumo, as emissões estavam marcadas pelo ritmo do acontecimento, da festa. Consumo quase sagrado, ritualização da vida coletiva entorno de acontecimentos excepcionais o convertidos em excepcionais pelo ufanismo mediático". A TV Interativa muda essa situação e, promove o encontro do telespectador com a televisão, que não é mais detentora absoluta da emissão. A televisão, na sociedade capitalista segundo os
teóricos críticos da escola de Frankfurt é vista
como um agente socializador e formador de opinião. O homem, no
modelo tradicional de comunicação (emissor-mensagem-receptor),
torna-se objeto e a sua finalidade última é o consumo. A
introdução da interatividade na TV, coloca em crise este
modelo, já que o receptor não será mais um receptor
passivo e, sim um receptor ativo. Não há rivalidade entre meios e educadores, como não há entre linguagem textual e audiovisual. No entanto, muitos professores ainda não se conscientizaram que sua função como fonte única, direta e primaria de informação desapareceu. Já não há lugar, em palavras de kaplún(1997), "para essa educação memorística, mecânica, repressiva, divorciada da vida, que deixa as crianças em uma atitude passiva e amorfa que só engendra fracassos". Educar através da nova televisão, portanto, vai exigir que educadores e comunicadores afrontem três grandes tarefas: a compreensão intelectual do meio, a leitura crítica de suas mensagens e a capacitação para a utilização livre e criativa. TV Digital Interativa “Televisão Interativa” é um termo para o qual não existe ainda uma definição formal. Entretanto, o seu conceito existe desde a década de 60, como testemunham os livros e filmes de ficção científica da época, segundo os quais a televisão do futuro seria capaz de exibir exatamente a informação desejada pelo usuário, no momento desejado, e atendendo a um comando meramente vocal, quando não telepático. Seria uma contraposição à televisão convencional, na qual as pessoas assistem passivamente à programação que está sendo transmitida, sem nenhum controle sobre o conteúdo da informação exibida, exceto a possibilidade de troca de canais. A TV Digital Interativa, embora seja uma sucedânea da televisão convencional, possui um conjunto de características que a diferenciam significativamente dessa, motivo pelo qual faz-se necessária a introdução de alguns conceitos e termos mais adequados a esse novo ambiente. Na televisão convencional, a programação é composta por um conjunto seqüencial e ininterrupto de programas, incluindo os intervalos comerciais. Todo programa está associado a uma programação, e vice-versa, assim como toda programação está inequivocamente associada a um canal e vice-versa. Na Televisão Digital, embora o usuário possa
estar assistindo a uma seqüência ininterrupta de informações,
a composição das programações não é
tão estanque. No exemplo da Figura 1, a Programação
“A” é composta dos Programas 1, 4, 6 e 7. A Programação
“B” é composta pelos programas 2, 6 e 8. Já
a Programação “C” é composta pelos Programas
3, 5, 6 e 7. Ou seja, inexiste uma relação biunívoca
entre programas e programações, como ocorre na televisão
convencional.
Figura 1 - Programas e programações em ambiente de TV Digita Um programa de televisão convencional é composto de imagens e sons. Já um programa de televisão digital, pode ser composto por imagens, sons e dados, estes últimos referindo-se a textos, gráficos, ícones, programas executáveis ou quaisquer outros tipos de informações. Cada um desses “componentes” de informação é denominado de elemento de informação. Os elementos de informação de natureza visual (imagens, ícones), ao serem reproduzidos na tela do televisor, podem atuar como uma interface “clicável”, ou seja, receberem comandos do usuário, convertendo tal instrução em alguma ação. Denomina-se de objeto clicável a todo elemento que possua tal característica. A Televisão Digital Interativa é um sistema capaz de receber e executar comandos do usuário. Tais comandos são geralmente (mas não necessariamente) vinculados a algum objeto clicável. As possibilidades
criadas pela tecnologia digital, aliadas à natureza aleatória
de como os usuários podem acionar os comandos clicáveis,
introduz uma nova característica aos programas de TV Digital Interativa,
que podem diferenciá-los significativamente dos programas de televisão
convencional. Nestes, os programas são lineares, ou seja, existe
um ponto de início, um ponto de término e um único
enredo interligando os mesmos. Já os programas de Televisão
Interativa, conforme ilustrado na Figura 2, podem ser altamente não-lineares,
significando com isso que eles podem ter diversos pontos de entrada e
saída, e diversos roteiros interligando os mesmos.
Figura 2 - Programa linear da televisão convencional vs. programa não-linear da televisão digital interativa Essas características da Televisão Digital Interativa trazem uma série de oportunidades, como o pay-per-view, o vídeo sob demanda, guia eletrônico de programação (EPG), acesso a maiores informações sobre a programação, teleeducação e acesso à Internet. TV digital como ferramenta para o ensino Uma das principais dificuldades, na utilização da televisão como meio de transmissão de conhecimento, é a visão majoritária que este é um meio de difusão de entretenimento e não de educação. Apenas 31% dos brasileiros assistem freqüentemente a programas ou canais educativos na TV e os principais motivos alegados por quem não assiste esse tipo de programa/canal é a falta de interesse (31%), falta de tempo para assisti-los (25%) e o fato do programa passar muito cedo (25%). Além disso, os programas educacionais são considerados “chatos” por muitas pessoas, não se tornando um atrativo capaz de levar lazer e entretenimento. A TV Digital, por sua vez, representa uma revolução, combinando as características tradicionais da televisão analógica com as potencialidades do computador pessoal e com o impacto da Internet na sociedade. Além disso, ao utilizar parte significativa da infra-estrutura existente da televisão analógica, se beneficiará do alto grau de penetração dessa tecnologia. O uso da
TV na escola possibilita o acesso dos alunos a trechos de vídeos,
filmes, entrevistas ou quaisquer tipos de programas que podem agregar
valor ao aprendizado, trazendo para dentro da sala de aula o mundo em
que o aluno vive, seu cotidiano e a linguagem audiovisual na qual já
está familiarizado, permitindo, assim, maior fluidez do aprendizado
já que a leitura da imagem é mais livre e menos rigorosa
que a palavra escrita. Referência Bibliográfica AGUADERO,
F., La Sociedad de la Información, Madrid, Acento Editorial, 1997. |
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