Cristina Decico – FE/Unicamp
Cadê o faz-de-conta que estava aqui?
O menino perdeu.
Cadê o menino?
Foi para a primeira série.
Cadê a primeira série?
Está fechada em uma sala.
Cadê a sala?
Está na escola de ensino fundamental, onde não há
mais parque, balança, tanque de areia, brincadeira de roda...
Este trabalho consiste em um relato de experiência
realizada em uma classe de terceira série do ensino fundamental,
de uma tradicional escola particular e confessional de Campinas. Baseada
nessas experiências pretendo levar o leitor a uma reflexão
sobre a importância do jogo de faz-de-conta na sala de aula e sua
continuidade nas séries iniciais, bem como a possibilidade de levar
a brincadeira e o prazer nos espaços escolares, muitas vezes permeados
por normas e regras rígidas.
Podemos afirmar que há uma grande ruptura, seja na escola pública
ou na particular, na passagem da criança da educação
infantil para o ensino fundamental.
Temos a impressão de que, ao iniciar a primeira série do
ensino fundamental, a criança é chamada a deixar para trás
os momentos de brincadeira que aconteciam em grande parte do tempo em
que estava na escola de educação infantil. Parece que a
brincadeira restringe-se aos poucos minutos reservados para o recreio,
que, segundo as regras da maioria das escolas, é o tempo suficiente
para ir ao banheiro, tomar lanche e só depois brincar no pátio,
que geralmente é cimentado e oferece poucos atrativos.
Na maioria das escolas, podemos observar poucas diferenças entre
uma sala de primeira série do ensino fundamental e a primeira série
do ensino médio. Uma delas é a parede: enquanto uma geralmente
é decorada com figuras do universo infantil, a outra tem mapas
de diversos tipos. Nas duas salas as carteiras estão dispostas
da mesma forma: enfileiradas. Os alunos ficam sentados assistindo à
aula, copiando atividades da lousa, realizando atividades nos livros e
cadernos.
Não é de se estranhar que a criança (e os pais também)
fique ansiosa quando inicia a primeira série do ensino fundamental,
a começar pelos materiais: livros, cadernos, estojo. A criança
que estava acostumada a realizar suas atividades em folhas avulsas, com
giz de cera, tinta guache, cola colorida, agora se depara com livros e
cadernos para serem preenchidos e, ainda, realizar provas com datas marcadas!
Isso não existia quando estavam no curso infantil.
Por várias vezes vi crianças da primeira série ficarem
doentes nos períodos de prova. Nessas situações ouvíamos
da coordenação: “precisamos avaliar nossas crianças
e, vocês professoras devem preparar o aluno para esse momento, acalmando-os...”
ficando sob nossa responsabilidade, como professores, o controle da ansiedade
da criança, não sendo discutida ou questionada uma outra
forma de avaliação, que não fosse traumática
para ela.
Diversas vezes ouvi meus alunos da terceira série reivindicarem
momentos de brincadeira no parque, no tanque de areia do curso infantil
e, tivemos como resposta da coordenação que “os alunos
da terceira série são muito grandes para os brinquedos do
parque, poderiam quebrá-los”. O que estão fazendo
com as nossas crianças? Roubando sua infância quando ainda
se tem direito a ela.
Os estudos em psicologia do desenvolvimento tendem a apontar a brincadeira
de faz-de-conta como própria do desenvolvimento pré-escolar
e os jogos de regra como uma atividade lúdica que vai se tornando
predominante a partir dos sete anos de idade. Será que nossos educadores
se prendem a estes estudos e deixam de dar a devida importância
à continuidade do faz-de-conta, mesmo depois dos sete anos de idade?
Para diversos estudiosos da psicologia do desenvolvimento, a brincadeira
evolui e se modifica ao longo do desenvolvimento da criança. Segundo
Vygotsky (1998) ela se deve a mudanças que ocorrem na interação
das crianças com o seu meio social, em razão das diferentes
posições que ocupa e das diferentes tarefas que lhe são
colocadas. Ele situa o desenvolvimento do brinquedo em duas fases: a idade
pré-escolar e a idade escolar. Na idade pré-escolar a criança
envolve-se em um mundo ilusório e imaginário, para satisfazer
os seus desejos que não podem ser imediatamente realizáveis.
O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal
da criança. No brinquedo, a criança se comporta além
do comportamento habitual de sua idade, além do comportamento diário;
no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade.
(VYGOTSKY, 1998, p.134)
No brinquedo, a criança cria uma situação
imaginária, age de maneira contrária a que poderia agir
e se submete a regras que a própria situação imaginária
impõe. Assim, o brinquedo ensina a criança a relacionar
os seus desejos ao seu papel no jogo e suas regras.
Inicialmente, o brinquedo é muito mais uma lembrança do
que aconteceu do que imaginação, daí o fato de ser
regido por regras, a fim de se aproximar do real.
Na idade escolar surgem as brincadeiras com regras, em que o propósito
decide o jogo e justifica a atividade. O propósito como objetivo
final determina a atitude da criança no brinquedo, que também
irá usar situações imaginárias no jogo de
regras. “Toda situação imaginária contém
regras de uma forma oculta, também todo jogo com regras contém,
de forma oculta, uma situação imaginária”.
(VYGOTSKY, 1998,p.126)
Mas, será que esse desinteresse pelo jogo do faz-de-conta com o
passar dos anos não está relacionado ao próprio contexto
social e cultural em que a criança vive? Não somos os adultos
que deixamos de oferecer, estimular a brincadeira simbólica, acreditando
que a criança não se interessa mais por ela? Cada vez mais
vemos crianças deixando as bonecas, os carrinhos por volta dos
sete anos de idade. Neste ambiente em que vivem, a fase do brincar de
faz-de-conta está cada vez mais abreviada.
Quando a criança assume um papel na brincadeira,
ela opera com o significado de sua ação e submete seu comportamento
a determinadas regras. Isso conduz ao desenvolvimento da vontade, da capacidade
de fazer escolhas conscientes, que estão intrinsecamente relacionadas
‘a capacidade de atuar de acordo com o significado de ações
e de controlar o próprio comportamento por meio das regras. (VYGOTSKY,
1998,p.128)
A escola é um rico espaço para se brincar,
pois conta com dois elementos importantíssimos: o grupo de crianças
e os adultos.
Gianni Rodari (1982), enfatiza que os jogos com grupo de crianças
permitem que todas sejam, a um só tempo autores, atores e espectadores
de tudo que acontece, uma vez que a situação da brincadeira
favorece sua criatividade a cada momento e em diversas direções.
Quanto ao adulto, este tem um papel fundamental durante a brincadeira,
uma vez que dispõe de uma vasta experiência, vai mais longe
com a imaginação, enriquecendo o jogo na organicidade e
duração, abrindo novos horizontes. Ao brincar com a criança,
o adulto não vai ocupar o seu lugar, deixando-a como espectadora,
mas vai se colocar a seu serviço, deixando que esta comande o jogo,
brincando com ela e para ela, a fim de estimular sua capacidade criativa,
para lhe dar novos instrumentos que serão usados quando brincar
sozinha.
Os adultos de boa vontade não se cansarão
de aprender com as crianças os princípios essenciais da
“dramatização”: e serão eles que, depois,
levarão a dramatização a níveis mais altos
e estimulantes, já que, com suas forças ainda limitadas,
o pequeno inventor não pode fazê-lo ( RODARI, 1982, p.93).
A atividade criadora da imaginação se encontra
em relação direta com a riqueza e variedade de experiência
acumulada pelo homem, porque esta experiência é o material
com que se constrói a fantasia. Quanto mais rica a experiência
humana, tanto será o material que dispõe essa imaginação,
por isso a imaginação da criança é menos abrangente,
variada que a do adulto, por ser menor a sua experiência.
Daí a importância do papel do adulto durante a brincadeira
com a criança, com suas intervenções ele pode ampliar
o imaginário vivido por ela.
Este pode ser mais um motivo da importância da brincadeira em sala
de aula, pois o professor com uma farta bagagem de experiências
vividas, principalmente com crianças, pode ser um instrumento importantíssimo
para ampliar a atividade criadora.
Sexta-feira é dia de trazer brinquedo na escola!
É o único dia em que as crianças podem trazer de
casa seus brinquedos preferidos, desde que não sejam com rodas
(patins, patinete, bicicleta) e bola, para serem usufruídos apenas
na hora do recreio.
Minhas alunas costumavam levar bonecas e elas ficavam ao fundo da sala,
com as lancheiras até a hora do recreio. Neste dia, Camila levou
uma boneca de pano bem grande. Começou a aula e aquela boneca continuava
em seu colo, percebi que ela estava se atrasando com as atividades, pois
toda hora se ajeitava na carteira com a boneca e algumas vezes conversava
com ela. Aproximei-me de Camila.
Prof.: Que boneca linda, qual o nome dela?
Camila: Rírili.
Prof.: Ela é linda e bem grande! Sabe que ela poderia ser a nova
aluna da classe?
Camila: Como assim, professora?
Prof.: Deixe-me pegar a sua boneca.
Em seguida a coloquei sentada em uma carteira, peguei um livro e o deixei
aberto em cima da mesa. As crianças da classe riram e Camila adorou
a idéia, e, assim, não se distraiu mais com a boneca, continuando
a sua atividade. Esta foi a forma que encontrei para tirar a boneca dos
seus braços e, ao mesmo tempo, criar um ambiente de faz-de-conta
na sala. Não imaginaria que as crianças entrariam tanto
na brincadeira, percebi que algumas se levantavam de vez em quando e mudavam
a página do livro da boneca.
Isabel: Professora, faz um tempão que ela leu aquela página,
a gente tem que virar para ela, senão ela enjoa ficar lendo toda
hora a mesma coisa.
Depois outra criança colocou alguns lápis e papéis
sobre sua mesa.
Daniela: Ela não veio para escola só para ficar lendo, vai
fazer atividade também.
A maioria dos alunos ficou entusiasmada com a boneca, tratando-a como
se realmente fosse a nova aluna da classe.
A diretora estava passando pelo corredor e entrou em nossa sala, viu a
boneca e perguntou o que era aquilo. As crianças responderam que
era a Rírili, a nova aluna da classe, então a diretora voltou-se
para ela e conversou.
Diretora: Olá, Rírili, seja bem vinda à nossa escola!
Você vai adorar seus amiguinhos e a professora!
Camila: Ela é a aluna mais comportada da sala. Ela é super
quietinha!
As crianças e a diretora riram muito com esse comentário.
Diretora: É mesmo. Vocês devem ficar quietinhos na sala de
aula também, prestando atenção às atividades!
Prof.: Claro que não tão quietos quanto a Rírili,
tem que participar, falar na aula fazendo questionamentos, sugestões,
sair do lugar quando necessário.
Daniela: É mesmo, a Rírili é muito parada.
Camila: Mas a gente faz ela se movimentar.
Daniela: Isso mesmo.
Realmente as crianças fizeram a Rírili se movimentar, aquelas
que terminavam suas atividades, se aproximavam dela e escreviam a mesma
atividade no seu papel, às vezes até explicando a atividade.
Ao final do dia as crianças pediram para a Rírili voltar
outras vezes.
Sabemos que para a criança ela é a alma
do jogo, que nada a torna mais feliz do que o “mais uma vez”.
A obscura compulsão por repetição não é
aqui no jogo menos poderosa, menos manhosa do que o impulso sexual no
amor (...) e, de fato, toda e qualquer experiência mais profunda
deseja insaciavelmente até o final da todas as coisas, repetição
e retorno, restabelecimento da situação primordial da qual
ela tomou o impulso inicial. Para a criança não bastam duas
vezes, mas sim sempre de novo, centenas e milhares de vezes, para saborear,
sempre de novo e de maneira mais intensa, os triunfos e as vitórias.(BENJAMIN,
2002, p.101)
Prof.: Pessoal, é regra da escola trazer brinquedo
apenas na sexta-feira, se as crianças de outras classes perceberem
que vocês estão trazendo, vão querer trazer também,
vai ser uma confusão!
Camila: Mas, professora, a gente fala que é a nova aluna da classe,
ela precisa vir todos os dias!
Prof.: Então vamos fazer um acordo. Você traz a Rírili,
mas ela não poderá sair para o recreio, ficará apenas
dentro da sala, para que as crianças de outras classes não
a vejam.
E assim ficou combinado. Na segunda-feira, Rírili chegou com uniforme
da escola e uma mochila com caderno, estojo e livros de histórias
infantis. Ao entrar na sala, Camila ajeitou sua boneca na mesma carteira
em que eu a havia colocado na aula anterior, tirou da mochila o estojo
e o caderno da Rírili e em seguida foi para o seu lugar.
Novamente as crianças interagiram com a Rírili como se ela
fosse uma nova aluna. Aproximavam-se dela, pediam lápis emprestado,
viravam páginas do seu caderno ou, então, a colocavam perto
da biblioteca da classe para lerem livros com e para ela.
Um fato muito interessante foi o que aconteceu com Caroline, que apresentava
muita resistência com a leitura, dizia que não gostava de
ler e quando era solicitada para ler em voz alta, sentia muita dificuldade
e se inibia perante os colegas. Um dia, após terminar as suas atividades,
Caroline se aproximou de Rírili, que estava sozinha na biblioteca
da classe, pegou um livro e começou a ler para ela. Logo, outras
crianças foram se aproximando e Caroline continuou com a leitura,
sem inibição, como apresentara em outras ocasiões.
Incentivei a leitura da Caroline solicitando a ela que sempre que tivesse
um tempinho, logo que terminasse sua atividade, fosse à biblioteca
e lesse para a Rírili. Esse episódio se repetiu várias
vezes, aos poucos Caroline foi ficando mais segura com a leitura, até
que ao final do ano estava lendo fluentemente, com segurança e
entonação.
Outro fato curioso foi com a Bianca, que aproveitava para estudar tabuada
com a Rírili, colocando em sua mesa uma tabela de tabuada.
Letícia: Credo, Bianca! Vai dar tabuada para a Rírili, coitada,
dá um livro para ela ler!
Bianca: Não, não, ela precisa estudar tabuada!
Na realidade, Bianca estava sendo muito cobrada por seus pais pelo fato
de não dominar a tabuada, então Bianca aproveitava para
estudá-la com a Rírili, na biblioteca da classe.
Na semana seguinte apareceram mais três ”novos alunos”:
o Kelvin, Laurinha, Diego. Todos uniformizados, com a camiseta do colégio
e com material. As respectivas “mães” dos “novos
alunos” pediram para que eles freqüentassem as aulas todos
os dias e o acordo foi o mesmo que havia feito com a Rírili.
Todas as carteiras da sala ficaram ocupadas e dava a impressão
que realmente aquelas bonecas e bonecos eram novos alunos, pareciam ter
vida, pois as crianças lhes davam vida, ao lhes emprestar materiais,
ler um livro, escrever alguma atividade no seu caderno ou ainda dizer
“a Rírili faltou”, o “Kelvin não veio”
quando fazia a chamada e perguntava se alguém havia faltado naquele
dia. Ou ainda fazer das bonecas verdadeiras companheiras.
Prof.: Camila, deixe para terminar depois a lição, agora
vamos todos para a quadra.
Murilo: Deixa ela aí na classe, professora, quando ela terminar
ela vai para a quadra.
Prof.: Mas é regra da escola não deixar criança sozinha
na classe.
Murilo: Mas professora, ela não vai ficar sozinha, ela vai ficar
com a Rírili, com o Kelvin...
O que responder em uma situação como esta?
Várias vezes me enganei passando em suas carteiras e deixando alguma
folha de atividade, ou algum bilhete, só percebia que havia feito
isso quando algumas crianças ficavam sem a folha e então
percebíamos que as folhas estavam com as bonecas. Essa situação
causava muitos risos em todos nós. Outras pessoas que passavam
pela porta também achavam que fossem crianças, principalmente
na hora do recreio, chegaram a me chamar na sala dos professores avisando
que na sala havia crianças fazendo lição, ou me perguntavam
se havia deixado algumas crianças sem recreio, dentro da sala.
Foram situações engraçadas que causavam ora espanto,
ora curiosidade, algumas apoiando, outras repudiando esse trabalho, dizendo
que as crianças da terceira série já estavam bem
grandinhas para brincar com bonecas.
Para quem não está inserido na brincadeira, não vê
significado nas ações, nas falas e gestos, isso porque “a
ruptura entre o sentido e o significado de um objeto no brinquedo não
é dada antecipadamente, como um pré requisito da brincadeira,
mas surge no próprio processo de brincar”. ( Leontiev, 1988,p.128)
Diretora: Sabia que várias vezes que passo por aqui confundo essas
bonecas com crianças? Outro dia ia te chamar para saber porque
algumas “crianças” ficaram aqui durante o recreio (ao
falar ri da situação).
Prof.: Parecem crianças de verdade mesmo, até eu já
me enganei. Todos aqui tratam as bonecas como se fossem seu colegas de
verdade.
Diretora: É mesmo? Até os meninos!
Prof.: Até os meninos, eles conversam com elas também, querem
ficar perto.
Diretora: Que interessante!
Parece que a diretora demonstrou seu apoio por este trabalho ao não
contestar que as crianças estavam levando o brinquedo fora do dia
estipulado. Para não causar confusão com as outras professoras,
passei essa experiência a elas, explicando o porquê daquelas
bonecas, caso alguma se interessasse em realizar o trabalho ou se fossem
questionadas pelas crianças porque só as da terceira série
levavam boneca todos os dias, o que era visível na fila de entrada,
mas nenhuma se mostrou contra o trabalho, então somente as crianças
da minha turma continuaram levando suas bonecas até o final do
ano.
As bonecas e bonecos passaram a ser companheiros das crianças mesmo
fora da escola. Alguns pais me relataram que seus filhos faziam a lição
de casa acompanhados das bonecas e bonecos , lendo ou inventando histórias
para eles.
Com base nessas experiências, poder-se-ia afirmar que o jogo de
faz-de-conta não perde a sua força quando a criança
passa dos sete anos de idade, como afirmam alguns teóricos da educação,
tais como Vygotsky, Leontiev, Elkonin, Piaget.
Poder-se-ia afirmar que não é a criança que se desinteressa
pelo faz-de-conta, mas o próprio ambiente em que ela vive, os meios
de comunicação, o fato de os adultos cobrarem a seriedade,
o apelo ao racional em detrimento ao fantasioso, a exigência do
compromisso ‘a regra estabelecida das instituições
de ensino, enfim, vários fatores que deixam de valorizar e dar
a devida importância à infância quando a criança
ainda é criança.
Se não lhe for oferecido um momento ou um ambiente que a leve para
o faz-de-conta, ela não vai se interessar, portanto, nós
adultos, somos responsáveis por proporcionar esse mundo de magia
e encantamento não apenas na fase pré-escolar, mas em qualquer
fase de nossas vidas.
O trabalho com as bonecas e bonecos é uma proposta para ser colocada
ao lado de tantas outras que procuram enriquecer com estímulos
o ambiente onde as crianças e os professores passam grande parte
do dia.
Gostaria de destacar a conquista de uma nova posição e um
papel diferente do professor em sala de aula, bem como os problemas e
conflitos enfrentados dentro de uma escola tradicional e confessional,
dentre eles: equilibrar o tempo das atividades escolares dentro da brincadeira;
comprovar que o interesse da criança pela brincadeira do faz-de-conta
não termina no jardim da infância, aos seis ou sete anos
de idade, ele continua trazendo elementos enriquecedores na sua formação.
Por meio do jogo de faz-de-conta, conseguimos despertar o interesse pela
leitura ou por um conteúdo pouco atrativo, romper com a timidez
e o medo de se expor, desenvolver e aperfeiçoar a fala e a escrita,
despertar sentimentos, estimular a criatividade, entre outros. Por isso
ressalto a importância da manutenção do jogo de faz-de-conta
ao longo do processo educativo.
Bibliografia
BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança,
o brinquedo e a educação. São Paulo: Duas Cidades,
2002.
FONTANA, Roseli e CRUZ, Maria Nazaré. Psicologia e trabalho pedagógico.
São Paulo: Atual, 1997.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São
Paulo: Perspectiva Editora da USP, 1971.
KORCZAC, J. Quando eu voltar a ser criança. São Paulo: Summus,
1981.
LEONTIEV, Aléxis N. Os princípios psicológicos da
brincadeira do pré-escolar, in Linguagem,
desenvolvimento e aprendizagem. Tradução Maria da Penha
Villalobos. São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de
São Paulo , 1988.
RODARI, Gianni. Gramática da fantasia. São Paulo: Sumus,
1982.
SNYDERS, Georges. Alunos felizes: reflexão sobre a alegria na escola
a partir de textos literários. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
VYGOTSKY, L. S. Problemas de método, in A formação
Social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.