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WWW.FUNDAMENTOSDALINGUAGEM.UERJ/BATE_PAPO
Angela
Sobreira dos Santos Cêa - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
- UERJ
Cláudio Antônio Rodrigues - UERJ
Daniele Câmara da Silva - UERJ
Demétrius Dias da Silva - UERJ
Glayce de Souza Costa - UERJ
José Xavier Filho - - UERJ
Luciana Alves da Silva - UERJ
“O mundo encurta,
o tempo se dilui; o ontem vira o agora, o amanhã já está
sendo feito, tudo muito rápido”.
Paulo Freire
Os objetivos iniciais
desse trabalho foram:
1. Apresentar a linguagem virtual como uma novidade lingüística;
2. Demonstrar a linguagem utilizada nas salas de bate-papo e quem a utiliza;
3. Apontar a praticidade e dinamicidade e a criatividade da linguagem
usada neste ambiente.
A linguagem é
um leque vivo e dinâmico de modos de expressão. Segundo Pierre
Levi (1993, p.16), Os produtores da técnica moderna, longe de se
adequarem a um uso instrumental e calculável são importantes
fontes de imaginário, entidades que participam plenamente da instituição
de mundos percebidos. E, construindo sua originalidade, a Internet ensejou
aos seus usuários a criação de uma forma singular
de expressão: as formas reduzidas das salas de bate-papo. Segundo
o mesmo Pierre Levi (1993, p.19) não é a primeira vez que
a aparição de novas tecnologias intelectuais é acompanhada
por uma modificação das normas do saber, sendo essa variante
lingüística uma forma de comunicação recente,
faz-se necessário um estudo mais aprofundado sobre o tema.
A linguagem escrita no atual contexto tem passado por gradativas mudanças,
levando em consideração o avanço tecnológico
que a sociedade contemporânea tem vivido. A partir do incremento
das novas tecnologias, é possível verificar a existência
de uma nova “variante lingüística”: a linguagem
virtual, ou cibernética.
Profissionais como lingüistas, professores, e até médicos
e psiquiatras estão desenvolvendo estudos a fim de verificar se
essa linguagem irá ou não influenciar no modo de falar e
escrever das pessoas (principalmente adolescentes) diminuindo assim a
capacidade de expressão.
A questão da utilização da linguagem virtual deve
ser analisada mais profundamente. A discussão principal gira em
torno da possível mudança nas formas falada e escrita da
língua portuguesa. Porém, devemos refletir sobre os usuários
e não-usuários dessa mídia, assim como suas formas
de falar e escrever.
De acordo com pesquisas realizadas pelo ibope (publicada em 25/05/2004),
o percentual de brasileiros que têm acesso à internet chega
a 28%. Outra informação importante é que 45% dos
jovens brasileiros, entre 15 e 19 anos, utiliza a internet mesmo que de
vez em quando.
Essas informações dão margens a alguns questionamentos
importantes, são eles:
- Os outros 72% da população que não tem acesso a
internet utilizam a língua portuguesa em sua forma culta?
- Qual é o verdadeiro perfil do usuário?
- Será que todos os usuários da rede utilizam as formas
abreviadas de escrita fora do ambiente virtual?
São essas questões,
e muitas outras, que tentaremos responder ao longo do nosso trabalho.
AS NOVAS COMUNICAÇÕES
MEDIADAS PELO COMPUTADOR
A principal questão
levantada pelos críticos da linguagem virtual é a utilização
(de forma errada) da “norma padrão” da língua.
Se esse for o problema, questionamos sobre a população que
não tem acesso a internet, melhor, os que não têm
acesso à linguagem alguma.
Os dados ainda são alarmantes. No ano de 2002, de acordo com pesquisas
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11,8%
da população era de analfabetos, isso quer dizer que 14,6
milhões de pessoas sequer sabiam ler e escrever. Dos considerados
analfabetos, 32,1 milhões eram analfabetos funcionais (possuíam
menos de quatro anos de estudos completos), e 65,7% dos estudantes com
14 anos de idade não estavam freqüentando a escola. (http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/13042004sintese2003html.shtm)
Entendamos o que é língua, de acordo com Marinésio
Gonçalves, professor de língua portuguesa e literatura brasileira:
Entre tantas outras
definições possíveis, a língua é entendida
como um sistema convencional de signos que permite uma atividade interacional
entre sujeitos, e que tem na ortografia um conjunto de regras que define
a sua representação escrita, no caso em questão,
dentro da chamada norma-padrão. A ortografia não é
um elemento natural da língua, mas artificialmente construído
e no caso da língua portuguesa falada no Brasil, definido em Lei.
O uso das abreviaturas foi debatido em vários momentos como um
ataque à língua, quando, na verdade (se é algum ataque)
atinge especificamente às regras ortográficas. (http://www.tvebrasil.com.br/observatorio/arquivo/principal_050405.asp)
Então, não
podemos afirmar que será a utilização da linguagem
cibernética que ira “empobrecer” a língua, tão
pouco acabar com ela. Até mesmo porque, a língua simplesmente
não se reduz à escrita. Segundo Bakhtin, (1979:109), a verdadeira
substância da língua não é constituída
por um sistema abstrato de formas lingüísticas, nem pela enunciação
monológica isolada, nem pelo ato psicológico de sua produção.
Mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada
através da enunciação ou das enunciações.
Assim, o que ocorre nos bate-papos virtuais é uma dinamização
das formas de escrita, que facilita a comunicação entre
pessoas em tempo praticamente “real”.
Oralidade
A escrita na Internet
nos remete a uma análise da oralidade, na medida em que a linguagem
empregada nas salas de bate-papo é expressa freqüentemente
da forma como se fala, assumindo o papel de comunicação
informal, onde as regras gramaticais perdem o lugar para os modos mais
informais de escrita.
Essa “oralidade” que marca a escrita na internet pode ser
observada claramente por quem tem acesso à internet, possui e-mail
ou utiliza outras ferramentas que possibilitam a comunicação
instantânea. Essas pessoas, provavelmente, já se depararam
com “palavras” do tipo vc (você), tb (também),
naum (não), entre outras.
Esse tipo de linguagem, usada nas salas de bate-papo, parece ter como
objetivo facilitar a vida dos usuários, promovendo maior praticidade
e dinamicidade na comunicação. Desta forma, é muito
comum que palavras e até mesmo expressões inteiras, sejam
abreviadas ou substituídas por ícones (ex: emoticons _ neologismo
inglês_ “emotions” (emoções) com “icons”
(ícones). Através disso, é possível “conversar”
em tempo real com maior velocidade. Conforme exposto abaixo.
- E ai como vc tah?
- : ( {triste}
Por isso, é natural que o usuário não utilize a norma
culta da língua, até porque seria impossível a transcrição
da fala em texto sem que se abreviasse nem utilizasse sinais que representem
palavras ou expressões inteiras.
Duas explicações para a utilização das formas
abreviadas de escrita são:
- a internet (e mais precisamente as salas de bate-papo) é um meio
de comunicação que reúne pessoas de várias
localidades, tanto do Brasil quanto do mundo. A linguagem utilizada nesses
ambientes é reconhecida pelos usuários independentemente
do lugar onde eles possam estar.
- o acesso à internet só é viável (para quem
não é economicamente privilegiado) se feito em dias e horários
que os pulso são únicos (sábados à tarde e
domingos e feriados nacionais durante todo dia).
Além de ser prática e dinâmica, não podemos
negar que essa linguagem também é bastante criativa, pois
a partir de pontuações e outros ícones é possível
inventar novas formas de expressar sentimentos e de promover a comunicação
virtual. Um exemplo disso é o uso de CAIXA ALTA (podendo ser substituída
por repetidos pontos de exclamação), utilizada para chamar
a atenção ou para expressar revolta em relação
ao seu interlocutor.
Internet versus Interações
Os jovens, em sua maioria, sempre foram criticados por pais e professores
por não se interessarem pela leitura e nem pela escrita. No entanto,
com o advento da internet muita coisa mudou, pois os jovens que não
gostavam de escrever adquiriram este hábito até mesmo para
poderem se comunicar com a "galera" pelas salas de bate-papo,
e os que já gostavam passaram a ter uma forma diferente de expressão.
Defendem ainda a idéia de que a linguagem utilizada na internet,
além de ser útil no ambiente virtual também serve
em outros meios, como por exemplo, quando o professor dita alguma coisa
e eles têm que escrever rápido. Por outro, lado alguns jovens
afirmam que se não tiverem consciência podem acabar se acostumando
demasiadamente com essa linguagem.
Embora a febre da internet tenha se espalhado no mundo jovem, não
são todos que se deixam contagiar. Alguns jovens até já
tiveram contato com a internet, chegaram a entrar em salas de bate-papo,
no entanto não foi suficiente para exercer o fascínio que
exerce na maioria dos jovens e nem mesmo para incentivar na escrita.
Será que o fato dos jovens escreverem mais significa que eles estão
escrevendo melhor? Quanto a isso há divergência de opiniões,
vejamos:
Por um lado, alguns professores, como por exemplo, Maria Helena de Moura
Neves (do programa de pós-graduação em lingüística
e língua portuguesa da Unesp em Araraquara - SP), acreditam que
inicialmente escrever mais significa escrever melhor, no entanto, no caso
da internet não funciona da mesma forma. Pois a escrita da internet
remete à oralidade, isto é, o jovem fala através
da escrita, é como se ele estivesse falando com seu interlocutor.
Desse modo, muitas vezes o texto acaba se tornando fragmentado, característica
típica da fala.
Por outro lado, outros, como a "psicóloga Rosa Farah, coordenadora
do Núcleo de Psicologia e Informática da PUC-SP", têm
opinião diferente. A mesma acredita, que embora se criem vícios
de linguagem, a internet auxilia no processo de escrita. Partindo do pressuposto
de que o ambiente virtual agrada e acaba suscitando a vontade de comunicação,
seja para encontrar um relacionamento ou para trocar idéias. Desse
modo, de um jeito ou de outro acaba por despertar a vontade de escrever.
Porém, vale ressaltar que a opinião de Rosa Farah se baseia
em casos empíricos.
Os usuários da internet se utilizam da linguagem de maneira diferente,
fugindo dos padrões gramaticais da linguagem escrita. Utilizam-se
demasiadamente de abreviaturas que fogem à norma (vc por você,
tb por também), pontos de interrogação ou exclamação:
"Oi...voltou pra ficar?????", "Mas amiga, vc deu boa noite
e saiu direto!!!!!". Considerando os bate-papos, os usuários
remetem mais a oralidade e a informalidade como uma conversa. Porém
nos e-mails vai depender do interlocutor, pois se for um e-mail de trabalho
geralmente tem um formato de carta, com o uso da norma culta, evitando-se
abreviações.
Diante do exposto acima, devemos alertar: é preciso sabedoria para
distinguir os locais adequados para o uso de qualquer tipo de linguagem,
não transportando a oralidade da escrita na internet para uma redação,
por exemplo. É preciso orientar o jovem para que ele saiba fazer
adequações quando necessário, até mesmo para
que ele não seja prejudicado.
Emoticons
Neologismo inglês
que nasceu da fusão entre a expressão "emotions"
(emoções) com "icons" (ícones), os "emoticons"
substituem textos grandes ou expressões com onomatopéias
na troca de mensagens, o que deixa a mensagem muito mais dinâmica
e prática. Podemos trocar por exemplo, "hehehe" ou "hahaha"
por ":-)".
Vejamos abaixo os símbolos mais usados pelos usuários da
internet para expressar sentimentos e reações:
:-) Ilustra frase
sarcástica ou jocosa.
;-) Piscadela. O usuário fez observação sarcástica
e/ou flertou com o
interlocutor.
:-( Expressão carrancuda. O internauta não gostou da última
observação
ou está deprimido.
:-| Indiferença.
:-> Muito sarcasmo.
>:-> Expressão "diabólica".
>;-> Piscadela e "diabólica" combinadas.
%-) O internauta está diante da tela do computador há pelo
menos 15
horas.
::-) O internauta usa óculos.
:-7 Expressão de nojo.
:'-( Choro.
:'-) Emocionado.
:-@ Grito.
|-0 Bocejo ou ronco.
:-s A observação do interlocutor foi incoerente.
:-D Internauta ri do interlocutor.
:-x Boca fechada (no sentido de manter um segredo).
:-o Uh, oh! Problemas à vista.
:-|| Zangado.
(:-) Careca.
:-)x Com gravata borboleta.
:^) Com nariz quebrado.
.^) Perfil.
:-)~~ Mulherão.
8:-) Garotinha.
:-)8 Mulher.
|-) Chinês.
:-) 8:-) :-)8 Família.
:-t Rabugento.
:-e Desapontado.
5:-) Elvis.
:'''-( Chorando muito.
8-) Usando óculos.
:-') Resfriado.
:-# e também :-* Beijo
.-* Perfil de beijo.
:--) Pinóquio.
:-) Narigudo.
:-} Usa batom.
:-#) e também :-{) Bigode.
=:-) Punk.
:-V Gritando.
:-! e também :-i Fumante.
:-/ Indeciso.
:-? Sem saber o que falar.
:-))) Felicidade (quanto mais parêntesis, maior).
:-(#) Aparelho nos dentes.
:-((( Tristeza (quanto mais parêntesis, maior).
:-v Falando.
.-) Piscar o olho.
:-P Mostrar a língua.
[:-) Escutar walkman.
[:-)] "Quadrado" (antiquado).
:-y Sorriso forçado.
((:-)))) Muito gordo.
%-) Ressaca.
*) Bêbado.
Ambiente Virtual X
Ambiente Real
A questão
da utilização da linguagem virtual fora desse ambiente é
discutida por profissionais de diversas áreas. A discussão
é se essa linguagem irá incorporar-se no cotidiano das pessoas
(principalmente adolescentes) fora desse ambiente. Mais ainda, se as crianças
e adolescentes estão sendo influenciadas, em virtude da linguagem
cibernética, e aprendendo a ler e escrever errado.
Para o jornalista e redator Alberto Dines,
(...) a tremenda penetração
da internet entre os jovens está transformando a linguagem abreviada
dos chats e blogs numa espécie de código que nada tem a
ver com a gramática, ortografia, e às vezes subverte a própria
semântica. Em um país que lê tão pouco, escreve
menos ainda, e quase não se entende, é bom pensar em voltar
para a escola. (www.tvebrasil.com.br/observatorio/arquivo/principal_050329.asp)
A polêmica está
lançada. Será que a utilização da linguagem
da internet é capaz de proporcionar distúrbios na linguagem?
Vários adolescentes estão recebendo o diagnóstico
(por parte de psiquiatras) de “dislexia discursiva”. Observem
o discurso:
O jovem, que até então não apresentava nenhum problema
na escola, começa a ter uma avaliação catastrófica
dos professores. Perde a capacidade de entender o que lê fora do
ambiente da rede. Sem entender, não tem condições
de julgar, e sem posição crítica fica incapacitado
de reflexões profundas sobre a realidade que o cerca. Os pais imaginam
que o filho está mentalmente perturbado ou tomando drogas, mas
ele apenas renunciou a seu potencial expressivo para adotar a linguagem
estereotipada da internet. Adolescentes viraram suas vítimas preferenciais.
(revistaepoca.globo.com/ Epoca/0,6993,EPT384160-1664,00.html)
Sobre esse assunto
vale ressaltar que a maioria das reclamações referentes
ao uso das formas abreviadas da escrita incide sobre os adolescentes.
Os adultos que freqüentam o ambiente virtual não têm
o costume de “trocar” a linguagem. Luiza Torelly, de 17 anos,
comenta sobre o uso exagerado da internet: “Uso internet desde os
12 anos. Às vezes fico confusa com palavras ridículas e
me sinto meio analfabeta”. Porém não deixou de usar
a linguagem quando está on-line: “não dá para
escrever certinho. Incomoda. Parece velho”.
Outro depoimento é o da estudante Tamyres Oliveira, 15, que relata
sua dificuldade na escrita: “Como estou muito acostumada com a linguagem
usada na internet redijo uma redação normalmente, no entanto,
quando faço a revisão vejo que abreviei muitas palavras
e fico em dúvida em como escrever algumas”, e isso seria
resultado do seu “vício” pela internet.
Será que o motivo pelo qual os adolescentes utilizam a linguagem
cibernética dentro da sala de aula (por exemplo) não seria
o de chamar a atenção dos pais e professores? Será
que esses problemas não são naturais dessa fase da vida?
Será que mesmo utilizando essa linguagem os adolescentes não
estariam desenvolvendo a sintaxe e a formulação de idéias
completas? Essas questões só poderão ser respondidas
com um estudo mais aprofundado sobre adolescência.
Por outro lado, existem profissionais que vêem benefícios
com a linguagem da internet. Para a psicóloga Rosa Farah, a comunicação
escrita é estimulada nos bate-papos. O ambiente virtual deve ser
explorado uma vez que tem o “poder” de prender o jovem.
O lingüista inglês David Crystal, que escreveu o livro A Linguagem
e a Internet, defende a tese de que os jargões das salas de bate-papo
podem estimular o auto-conhecimento, além de outras formas de literatura.
Mas, de acordo com o coordenador do vestibular da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Otávio Langlois, a linguagem não
está sendo utilizada nas provas de admissão para a universidade.
(Você fala a minha língua? Ediane Merola – Jornal O
Globo, 05/04/2005). Podemos ver assim que os estudantes sabem quando podem
(e quando não podem) utilizar a linguagem virtual.
“Na Internet o usuário escreve como fala, esta é uma
característica própria do meio. Não acredito que
essa linguagem vá passar para a vida real, onde existe uma barreira
natural das pessoas que não entendem nem falam esse jargão”,
comenta o professor Sergio Nogueira Duarte (mestre em língua portuguesa
pela PUC-RJ) autor de diversas colunas em jornais e revistas. (http://www.gilmar-homepage.hpg.ig.com.br)
Para ele, o principal é o meio por onde se processa a conversação,
até porque as pessoas não ficam preocupadas o tempo inteiro
em seguir a norma padrão da língua em uma conversa informal,
como o bate-papo. O que ele quer dizer é que as pessoas utilizam
várias linguagens, dependendo do ambiente onde estão. Ao
falar ao telefone, se fala de um jeito, ao escrever um telegrama se escreve
de outro, ao fazer anotações em seminários, palestras
mais uma forma de escrita é utilizada.
Em um ponto todos concordam: é responsabilidade do professor orientar
sobre a utilização das diversas formas de expressão
da língua. Explicar a importância da aprendizagem da língua
padrão, inclusive em relação ao mercado de trabalho
que cobra o uso “correto” da língua.
Para o professor Lúcio Manga, a internet deve ser utilizada como
uma ferramenta do professor que deve auxiliar o aluno, mostrando-o o melhor
jeito de se comunicar tanto na sala de aula como nas salas de bate-papo.
“Os e-mails produzidos pelos alunos têm que ser levados para
a sala de aula. Um bom exercício é ensinar o estudante a
expressar aquela idéia em um outro contexto. A internet traz muitos
benefícios e temos que usá-la para atingir o aluno”,
comenta o professor.
“A internet
reabilitou a escrita”, afirmou Bruno Dallari, professor de lingüística
da Pontifícia Universidade Católica (PUC) da São
Paulo. "Ela estava em desuso entre os jovens dos anos 90. Agora,
voltou a ser comum. Mas as escolas, sobretudo, precisam prestar atenção
ao fenômeno e estabelecer as diferenças", alertou Claudemir
Belintane, professor de metodologia da língua portuguesa da Universidade
de São Paulo. (http://www.midiativa.org.br/index.php/educadores/content/view/full/1861)
Perfil dos Usuários
Diante da assustadora
velocidade das tecnologias, torna-se, praticamente, inviável obter
consenso acerca dos números de usuários da internet. A cada
segundo, milhares de novos usuários tomam conhecimento de um veículo
de comunicação extremamente rápido, em todo globo.
Entretanto, é da perspectiva que temos de sonhar, e também,
da busca incansável de exemplos e experiências que fundamentem
nossas ações que comumente nos indagamos: Quantas pessoas
devem usar a internet no mundo? Até quando e como a internet crescerá?
Qual deve ser a freqüência de utilização dos
seus serviços? Tais indagações colaboram diretamente
para traçar o perfil do usuário da internet.
Dados revelam que o homem utiliza mais o serviço de internet se
comparado com o gênero oposto. Ora não é necessário
grande descortino de inteligência para supor o resultado dessa pesquisa.
Uma vez que, o mercado de trabalho está cada vez mais informatizado,
mas diante da gradual conquista das mulheres no mercado de trabalho, esse
perfil em breve poderá ser modificado.
De modo geral, entre os que acessam a internet com regularidade, estão
jovens entre a faixa etária de 14 e 24 anos, em sua maioria pertencentes
às classes econômicas A e B. Este fato também é
facilmente explicado pela grande concentração de renda,
no Brasil. Assim, o computador ainda é artigo de luxo.
Porém, um dado curioso é o crescimento de usuários
da internet por parte dos universitários em comparação
a estudantes de nível médio e até pós-universitários.
Isso se levarmos em consideração o número relativamente
baixo, diante da dimensão do país, de profissionais com
nível superior.
Por fim, mas não por último, é cada vez mais constante
a presença das pessoas, compreendidas entre a faixa etária
de 40 a 60 anos de idade, utilizando os serviços da rede.
A nível de esclarecimento tomaremos a fala de uma estudante do
ensino médio, que utiliza freqüentemente a linguagem via internet:
Meu pai acha um absurdo
o jeito como escrevo. Diz que estamos matando o português, mas já
ensinei minha mãe a trocar mensagens abreviando palavras. Para
mim, que adoro ler, é uma questão de praticidade, não
de desconhecimento, diz Fabiana. (http://www.revistaviracao.com.br/default.asp?siteAcao=mostraSecao&secaoId=109¬iciaId=363)
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
De um modo geral,
a sistematização da leitura e da escrita, tradicionalmente,
foi (e é) delegada à escola. Contudo, aquele que não
se identifica com o papel da escola está fadado ao insucesso. Deste
modo, o professor assume o papel de destaque intervindo no processo de
transmissão de conhecimento, que pressupõe a utilização
da norma padrão/culta - linguagem de maior prestígio sócio-cultural,
utilizada em documentos formais.
Assim, a educação foi utilizada para manter durante muito
tempo a estrutura do poder hegemônico.
Atualmente, alguns intelectuais continuam pensando que a língua
e uma coisa inerte (que não se modifica nunca). Não pretendemos
desconsiderar seu conhecimento científico, porém cabe-nos
reproduzir uma opinião do filósofo e lingüista Evanildo
Bechara: Enquanto essa grafia cifrada for usada só em ambiente
de internautas, tudo bem, é mais uma modalidade gráfica
de gíria. Extrapolar isso ao grande público é um
assalto à integridade do idioma. (http://www.revistaviracao.com.br/default.asp?siteAcao=mostraSecao&secaoId=109&
noticiaId=363)
Por outro lado, acreditamos que a comunicação mediada por
computadores estabelece novas formas de escrita. Portanto a utilização
desta nova linguagem, não deve (e não pode) ser considerada
nem melhor, nem pior, apenas diferente. Entretanto, temos a plena consciência
que todas inovações trazem em seu bojo inquietações.
Podemos concluir que o mais importante - sob o ponto de vista do usuário
- nesta variante lingüística é conseguir se expressar,
porém não se preocupando em utilizar a norma padrão.
Vale ressaltar que, mesmo utilizando esta linguagem, os usuários
têm consciência de que não podem leva-la para outros
locais que não sejam o espaço virtual.
Segundo Fernanda M. P. Freira:
A internet [...] tem permitido o exercício da linguagem de forma
diferenciada. Ferramentas para produção escrita (editores
de textos, de páginas web, de histórias em quadrinhos) e
para comunicação à distancia (bate-papo, icq e correio
eletrônico) inaugurando novas condições de produção
de discursos integrando elementos originais ao que hoje denominamos leitura
escrita. O hipertexto como gênero de discurso e os emoticons como
recursos expressivos são bons exemplos de mudança lingüístico-discursivas
decorrentes das condições virtuais de produção
de enunciados. (FREIRE, 2003, p. 22)
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acesso em: 05/05/2005.
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acesso em: 04/07/2005.
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<http://Revistaepoca.Glo-bo.com/epoca/0,6993,EPT384160-
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http://www.tvebrasil.com.br/observatorio/arquivo/principal_050405.asp
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