Voltar    
  A EXPERIÊNCIA EDUCATIVA NA COOPERLIX COM A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

Márcio José Celeri
UNESP/FCT Presidente Prudente


Drª Maria Peregrina de Fátima Rotta Furlanetti
UNESP/FCT Presidente Prudente
.

Nos atuais debates sobre a globalização, assim como nas discussões sobre a pós-modernidade, destaca-se o pressuposto central e majaritoriamente aceito de que vivemos uma época singular, a era da aceleração das mudanças culturais, sociais e educacionais, da compreensão tempo-espaço subseqüente à revolução das comunicações de uma economia global dominada por corporações transnacionais, da americanização ou até “mcdonaldização” do mundo e assim por diante.

Em certos aspectos nossa época é realmente ímpar, mas o mesmo pode ser dito de outras gerações e outros séculos. Não somos nem de longe os primeiros a nos afligir ou nos excitar com a idéia de que nossas experiências são completamente diversas das vivenciadas por gerações anteriores, um exemplo que se torna clássico é a escolarização de Jovens e Adultos, que no caso brasileiro se estende desde o período colonial à sociedade contemporânea.

O foco central do artigo norteia-se através de um simples relato de experiência de uma sala de Educação de Jovens e Adultos (EJA), do PEJA/UNESP - Programa de Educação de Jovens e Adultos - Campus de Presidente Prudente, em parceria com o Projeto de Políticas Publicas “Educação Ambiental e Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos em Presidente Prudente/SP, Desenvolvimento de Metodologias para a Coleta Seletiva, Beneficiamento dos Resíduos e Organização do Trabalho”, projeto vem sendo desenvolvido em parceria pela Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT-UNESP), Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, Companhia Prudentina De Desenvolvimento(PRUDENCO), Fundo Social de Solidariedade, Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), Federação Nacional dos Trabalhadores em Serviço Asseio e Conservação, Limpeza Urbana, Ambiental e Áreas Verdes (FENASCON) e Sindicato Dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação e Trabalhadores na Limpeza Urbana de Presidente Prudente e Região (SIEMACO), com apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Como fazer EJA a partir da realidade do educando

Preocupado com as condições insalubres de trabalhado dos catadores de materiais recicláveis do lixão do município de Presidente Prudente/SP, surge uma idéia convergente de pesquisadores ligados às universidades, iniciativa publica e privada na elaboração de um projeto de Políticas Publicas.

Dentre os objetivos traçados no projeto de Políticas Publicas, encontra-se a formação de uma cooperativa de catadores de resíduos recicláveis formada por catadores do lixão municipal. Depois de inúmeros estudos e diagnósticos da realidade dos catadores e dos resíduos possivelmente recicláveis do município, ocorre em Março de 2003 à inauguração da Cooperativa dos Trabalhadores de Produtos Recicláveis de Presidente Prudente (Cooperlix) composta ex-catadores de matérias recicláveis que trabalham de modo subumano no lixão da cidade.

A conquista na formação da cooperativa se pauta no fortalecimento de ações com parcerias entre Universidades e iniciativa privada e publica, e ao apoio primordial da FAPESP. Entretanto sua consolidação não foi 100% alcançada, pois muitos dos catadores do lixão não se interessaram em se tornar cooperados optando continuar exercendo suas funções no lixão, apontando algumas considerações negativas quanto à índole dos pesquisadores envolvidos no processo, pois há vários anos políticos pediam votos aos mesmos prometendo melhores condições de trabalho sem a efetivação de suas promessas quando eleitos.

Com o desenvolvimento das atividades na Cooperativa, evidenciou entre os cooperados um baixo nível de escolaridade, frente a esta realidade o PEJA/UNESP foi convidado a estar oferecendo aulas de Educação de Jovens e Adultos com objetivos de estar auxiliando os cooperados no desenvolvimento educacional bem como organizacional, administrativo e das atividades diárias da Cooperativa.

“Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições precárias de vida (moradia, saúde, transporte, alimentação etc) que estão na raiz do problema do analfabetismo. O desemprego, os baixos salários e as péssimas condições de vida comprometem o processo de alfabetização de jovens e adultos” (Gadotti, 2001, p.31).

Tendo como um dos objetivos do projeto de Políticas Públicas de estar contribuindo para a saída dos catadores do lixão para um local mais humano de trabalho, surge um outro desafio educacional, o de estar convidando os catadores do lixão para estarem participando das aulas de Educação de Jovens e Adultos, oferecendo suportes educacionais aos catadores, bem como estabelecer diálogos em sala de aula em que priorize um processo de ensino-aprendizagem na busca de conscientizar os educandos da melhoria da qualidade de trabalho e de vida ao se tornar um cooperado.

Aceito o convite de estar implantando as salas de aula, nos deparamos com uma realidade inesperada e até então inédita para o PEJA/UNESP, na qual direcionados o estudo do grupo para desvendar qual seria a maneira que obteria êxito na montagem das salas de aulas e das aulas propriamente ditas.

Inicialmente para o pleno desenvolvimento das aulas nos dirigimos primeiro aos cooperados e aos catadores expondo os objetivos e contribuições da Educação de Jovens e Adultos e suas diferenças do ensino formal em sua maleabilidade de conteúdos e horários. Basicamente como menciona GUITERREZ (1988), em que educação só é possível na liberdade. Sem liberdade não há educação só na livre possibilidade de escolher o educando constrói sua própria e inconfundível personalidade, porque só na livre opção pode ocorrer a responsabilidade e o compromisso.

Foto 1: Primeiro contato da equipe Peja/Unesp com os cooperados. Data 09/02/2004.

Como gratificante foi ao irmos a Cooperativa para efetuar as matriculas e sermos bem recebidos pelos futuros educandos esperançosos com a oportunidade de iniciar seus estudos ou retomá-los. Dentre os 25 cooperados foram efetuadas 13 matriculas, houve também a procura de pessoas da comunidade externa que souberam da formação da sala de aula e de parentes dos cooperados, formalizando assim mais 6 matriculas, totalizando 19 matriculas no total. Dentre os cooperados matriculados 9 mulheres e 4 homens; da comunidade 1 homem e 5 mulheres.

Foto 2: Realização das matriculas na Cooperlix. Data 16/02/2004.

Realizada as inscrições ficou decidido coletivamente em reunião na própria Cooperativa entre os membros do PEJA/UNESP e os futuros educandos que as aulas seriam ministradas duas vezes por semana com 3 horas diárias após o expediente de trabalho no refeitório da própria cooperativa, para não haver problemas de deslocamentos. Decidiu-se também que a Cooperativa cederia seu espaço físico mais explicitamente seu refeitório para serem ministradas as aulas de EJA aos catadores do lixão, por se localizar ao lado do lixão e assim estar estabelecendo um vínculo entre os catadores para com a Cooperativa.

Formalizado o compromisso com os educandos da cooperativa, dirigimos ao lixão do município para efetivar a matricula dos catadores. A Equipe do PEJA/UNESP ficou impressionada com a receptividade dos mesmos pelo interesse apresentado para com início das aulas. Como admirados ficamos quando contada as matriculas constatou 23 futuros educandos do lixão, após este encontro foi marcado outro a ser realizado na Cooperativa para o esclarecimento das datas e horários das futuras aulas.

Efetivada as inscrições dos cooperados e dos catadores do lixão, realizamos um levantamento de material didático necessário para o pleno desenvolvimento das aulas, como lápis, caneta, caderno, entre outros, material este comprado com a ajuda da FAPESP.

Entretanto o compromisso com os catadores acabou sendo rompido pelos mesmos, pois não compareceram na cooperativa na data marcada para o recebimento do material didático, bem como para formalizar as datas e horário para iniciar as aulas. Diante deste fato a equipe PEJA/UNESP se direcionou para o lixão e fomos recebidos pelos futuros alunos, que de modo agressivo nos disseram que não estariam mais interessados em estar voltando a estudar. Não adiantando argumentar com os mesmos, pois pareciam bem decididos de suas opiniões, propomos estar retornando em outra data com o intuito de novamente estar lhes oferecendo a oportunidade de iniciar ou voltar a estudar. Estabelecemos mais seis contatos durante os meses de fevereiro e março e realmente notamos que a decisão de não participarem das aulas de EJA estava enraizada.

Diante da decisão dos catadores de não estarem participando das salas de EJA na Cooperativa, centramos a atenção do PEJA/UNESP para os alunos da Cooperlix, na discussão de qual seria a melhor metodologia de ensino a ser aplicado a estes Jovens e Adultos trabalhadores com resíduos sólidos recicláveis, auxiliando-os nas diversas etapas de vida e profissional, como menciona LOGAREZZI (2004, p.241).

“é importante que esse conjunto de trabalhadores participe de atividades educativas que venham lhes oferecer também uma oportunidade de desenvolvimento pessoal, numa perspectiva de emancipação de sua cidadania, oportunidade essa que em geral lhes tem sido negada pela sociedade.”

Metodologia de trabalho pedagógico para a EJA

Sendo a Educação Popular o centro da fundamentação teórica das salas de EJA, resolvemos aprofundá-la com métodos dinâmicos e pertinentes com a realidade dos alunos, entretanto sabíamos apenas que estes alunos não haviam terminado o ensino fundamental e que haviam trabalhado no lixão até a formação da cooperativa. Desde o primeiro contato, a preocupação de estabelecer uma relação de confiança entre os educandos e o educador se fez presente como menciona FURLANETTI (2001, p.202, 203)

“não estabelecendo um vinculo de confiança e credibilidade, as aulas não se desenvolvem satisfatoriamente. Após um tempo com o vinculo estabelecido, os alunos se abrem e contam suas expectativas através de sua história de vida ou mesmo algum tempo depois, em momentos menos esperados... se o vínculo afetivo não estivesse estabelecido, os alfabetizandos começam n não freqüentar as aulas”.

Sabíamos como menciona LOGAREZZI (2004) que em um primeiro momento deveríamos focar o resgate da auto-estima superando o preconceito fortemente enraizado que deprecia o trabalho com resíduos e, com isso, a dignidade das pessoas que o exercem.

A primeira aula se desenvolveu acima das expectativas do educador, pois ao contrário do que se esperava os educandos estavam ansiosos pelo inicio das aulas, transformando o refeitório em uma sala de aula, com lousa e uma mesa com flores para deixar o professor mais à vontade e descontraído em sala de aula, na lousa estava escrito: “Seja bem vindo professor em nosso meio, estamos felizes por voltar a estudar”.

Foto 3: Refeitório da Cooperlix utilizado também como sala de aula. Data: 10/05/2004.

Decidido no encontro pedagógico com o coordenador do PEJA/UNESP iniciamos com os objetivos da Educação Popular no Brasil e Mundo, a realidade educacional brasileira e o surgimento da educação de adultos no Brasil desde o período colonial. Tendo o principal enfoque desta aula a atividade intitulada: “Quem sou EU?”, em que os educandos juntamente com o educador, elaborariam individualmente um desenho que representasse o seu EU, e um texto sobre a sua vida, após, cada um comentou sobre o seu desenho.

Essa atividade foi de suma importância para estabelecer os conteúdos a serem aplicados em sala de aula, pois através dos desenhos com suas explicações pudemos entrar em contato com a realidade dos educandos, e através dos textos redigidos pelos mesmos, notamos o nível de escrita e assim podendo diagnosticar as dificuldades dos mesmos.

Porquanto se notou que alguns dos alunos matriculados não comparecerem na primeira aula, pois não tinham outra roupa para estarem vestindo após tomar o banho na própria cooperativa e outras se queixavam de estar vestindo a mesma roupa que trabalharam para irem as aulas.

Diante desta realidade conversamos com os alunos na aula seguinte e elaboramos em conjunto um oficio (segue em anexo) solicitando a comunidade prudentina a doação do uniforme escolar. Qual não foi a satisfação do PEJA/UNESP e dos educandos para com o resultado dos ofícios, pois dos 10 entregues aos empresários da cidade 5 foram solidários, 3 deles (uma casa de venda de produtos alimentícios, uma papelaria e uma psicóloga) doaram quantias que foi possível estar comprando mochilas escolares a todos os educando, a empresa Motta de transporte coletivos e rodoviários do município doou para todos os educandos as camisetas escolares e a empresa STETSOM ofereceu a bolsa de estudos por um ano ao educador que estaria ministrando as aulas.

Um caso bastante interessante no inicio da formação desta sala de aula, foi o respaldo que a imprensa televisiva aferiu a esta iniciativa, pois foi realizada uma reportagem de cinco minutos, enfocando a dia de serviço dos cooperados principalmente o retorno dos mesmos aos bancos escolares. A TV Fronteira, filiada a Rede Globo de Televisão, retratou de modo bem claro esta nova etapa dos educandos de estar buscando se aperfeiçoar cada vez mais, mostrando esta ação para toda a região da cidade de Presidente Prudente.

Foto 04: Sala de aula no dia da Filmagem da TV Fronteira. Data: 24/03/2004.

Com estas conquistas os educandos puderam notar como a sala de aula pode estar contribuindo para o fortalecimento educacional e o desenvolvimento das atividades na cooperativa, ficando o grupo extremamente motivado com o desenvolvimento das aulas.

A Função social da escrita para os cooperados

A concepção que trabalhamos no PEJA/UNESP é que as atividades de leitura e escrita estejam dentro das necessidades dos educandos.

A cada aula uma nova discussão sobre o trabalho e as necessidades da cooperativa. Assim, pudemos traçar o nosso plano de ações pedagógicas partindo do princípio que só se aprende escrever , escrevendo e só se abre ler, lendo.

Iniciamos pela função da escrita de registro e de memória, assim, coletivamente elaboramos um texto sobre a história da formação da cooperativa, para tanto, levamos o texto poético de Cecília Meirelles “A caneta e a enxada” e após a leitura buscamos discutir qual era o instrumento de trabalho de deles. Com a ajuda do educador fizemos uma lista destes instrumentos:

* mãos

* caminhão

* luvas

* Zé Povinho

Selecionado estes instrumentos, iniciamos a construção de um poema que retrata a história dos cooperados em versos, a metodologia da confecção do mesmo os educandos foram divididos em dupla, na qual cada dupla teceria estrofes para o poema coletivo, posteriormente em grupos de quatro e finalmente se reuniu todos os educandos, formalizando deste modo com o auxilio do educador o poema.

A palavra Zé povinho aparece na discussão, apesar de não ser um instrumento, mas é muito forte na história dessas pessoas. Eles nos disseram que eram chamados por esta expressão quando trabalhavam no lixão. Assim, o texto poético elaborado coletivamente surge com o título “De Zé Povinho à Cooperado”:

De Zé Povinho à Cooperado

A nossa história é muito longa e de trabalho!

Há quatro anos trabalhávamos no lixão

Não éramos felizes, nos chamávamos

De Zé Povinho com um tom de humilhação!

Deus um dia ouviu nossa prece

Sem esperar apareceu um professor da Unesp

Propondo uma reunião

Para formar uma cooperativa com o povo do lixão.

Certa vez chegou um caminhão

Em oferta de doação

Para o sustento de nosso pão!

Nele colocamos um rádio e uma caixa de som

Alertando a população na separação

de materiais recicláveis para nossa cooperativa.

Desde então, pedimos a todos,

Uma maior conscientização

Formando assim uma união

Entre cooperativa e a população.

Assinado: Alunos cooperados.

Com a construção deste poema os educandos ficaram orgulhosos de si próprios, pois a cada visitante que a cooperativa recebiam eles mostravam e entregavam uma cópia do poema que retrata a história de vida e trabalho dos mesmos.

Tendo esta sala de educação popular a função social de estar contribuindo com os anseios da cooperativa o PEJA/UNESP realizou no dia 14 de Abril de 2004 nas dependências da FCT/UNESP o Fórum de Educação de Jovens e Adultos do Oeste Paulista , tendo o título “A EDUCAÇÃO PARA O GERENCIAMENTO DO MEIO AMBIENTE” no qual as discussões foram centradas nas praticas educativas de educação Ambiental no Pontal do Paranapanema. Tiveram presente neste evento 112 participantes, dentre eles 16 cooperados dos quais 12 educandos da COOPERLIX, que tiveram a oportunidade de contar um pouco da formação da Cooperativa, e como as aulas de EJA têm contribuído, na dinâmica da cooperativa, dos próprios educandos e na compreensão das questões ambientais, salientaram também como o Projeto de Políticas Públicas juntamente com os apoiadores estão contribuindo para a efetivação da COOPERLIX.

Foto 4: Fórum de Educação de Jovens e Adultos. Data 14/04/2004.

Direcionando o processo educativo para as necessidades dos educandos, foi solicitada por eles durante uma das aulas a ajuda do educador, na elaboração de uma carta de agradecimento, pois no inicio da Campanha da Fraternidade/2004, promovida pela Igreja Católica os cooperados juntamente com os apoiadores solicitaram a Igreja à doação de um caminhão para a expansão da coleta seletiva e conseqüentemente a inclusão de mais catadores de produtos recicláveis do lixão municipal. A solicitação foi atendida e um encontro foi marcado para realizar a entrega do caminhão no pátio da cooperativa, diante deste fato os cooperados gostariam de estar entregando uma carta de agradecimento ao Bispo responsável pela Campanha da Fraternidade, carta esta construída em sala de aula, escrita pelos alunos e lida por uma das alunas no dia da entrega.

Foto 05: Entrega das chaves do caminhão pelo Bispo da igreja católica e pelo representante da FENASCON. Data 24/06/2004

Este ato de agradecimento feito pelos cooperados como evidenciado no dia, foi emocionante para os presentes, pois surpreenderam a todos com a atitude de reconhecimento dos cooperados para com a Igreja e a todos os apoiadores que tanto lhes auxiliam no fortalecimento da Cooperlix.

Conclusão

A experiência educativa na Cooperlix, desde os benefícios para a Cooperativa, bem como a experiência adquirida pelas pessoas envolvidas neste processo de ensino-aprendizagem são enriquecedoras.

Diversas são as dificuldades para o fortalecimento desta sala de EJA, pois estes alunos têm suas especificidades, suas dinâmicas, suas dificuldades, seus anseios, enfim cabe ao educador estar consciente deste fato. Muitas aulas deixam de ocorrer nos dias agendados devido à ocorrência de alguns fatos, como: dias chuvosos se tornam impróprios para a realização das aulas, pois como mencionado anteriormente, as aulas são após o expediente, portanto os alunos vão embora após as 20:00hs, como o caminho para a casa passa pelo lixão municipal se torna um trajeto perigoso mesmo com a utilização de lanternas; outro caso é quando nenhum aluno do sexo masculino pode ficar para as aulas, deixando as alunas com medo de seguir o caminho de volta para casa, pois já foram seguidas por homens e um fato que se torna até engraçado foi quando as mesmas tiveram que correr de uma mula que no caminho se encontrava.

Entretanto para o PEJA/UNESP esta experiência se torna impar ao fato de poder aplicar seus estudos e contribuir com o Projeto de Políticas Publicas, mais especificamente com os cooperados.

Esta experiência educativa proporcionou ao educador estar se enriquecendo academicamente, podendo estar associando este processo de ensino-aprendizagem um caráter cientifico, apresentando o mesmo em alguns encontros acadêmicos, dente eles recebe um destaque o IV ENEJA/ Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos, realizados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) na cidade de Porto Alegre RS, sendo feito neste evento o convite pela secretária adjunta do Departamento de Educação do MEC para estar apresentando esta experiência educativa no I Festival da Alfabetização a ser realizado na Cidade de Brasília no mês de Abril do ano de 2005.

Foto 06: Apresentação da experiência educativa na Cooperlix no IV ENEJA. Data: 10/09/2004.

Para o educador desta sala de EJA, sem duvida é uma experiência emocionante, pois ele se torna um militante para não dizer um cooperado, pois estar convivendo com os cooperados é gratificante para a formação tanto profissional quanto humana de qualquer individuo, uma vez que as experiências adquiridas neste projeto perdurarão para toda uma vida.

A maior conquista da implantação da cooperativa e a sala de aula se pauta, no resgate da auto-estima dos cooperados que antes trabalhavam de maneira informal como catadores de “lixo” no lixão e hoje são um exemplo de trabalhadores e de agentes de educação ambiental.

Referencias Bibliográficas

LEAL, A.C. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GERENCIAMENTO INTEGRADO

DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM PRESIDENTE PRUDENTE-SP: Desenvolvimento de Metodologias para Coleta Seletiva, Beneficiamento do Lixo e Organização do Trabalho. Revista do Departamento de Planejamento da FCT/UNESP, Presidente Prudente, 2004.

LOGAREZZI, A. Contribuições conceituais para o gerenciamento de resíduos sólidos e ações de Educação Ambiental. In: Leal, A.C. (Coord.), RESÍDUOS SÓLIDOS NO PONTAL DO PARANAPANEMA – SP. UNESP, CBH-PP, FEHIDRO, Presidente Prudente, 2004.

SILVA, J. A. A. “O LUXO DO LIXO” REPENSANDO A ESCOLA E A EDUCAÇÃO A PARTIR DO “LIXO”; Caderno CEDES, Educação Ambiental, nº29, 1993.

GUITIÉRREZ, Francisco. EDUCAÇÃO COMO PRÁXIS POLÍTICA; Ed Summus; vol 34; São Paulo, 1988.

GADOTTI, M.; ROMÃO, J. E. Educação de Jovens e Adultos: Correntes e tendências; IN: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: TEORIA, PRÁTICA E PROPOSTA; Ed. Cortez, 4ª ed.; São Paulo, 2001, págs 29-39.


 
Voltar