Ùrsula Andréa de Moura Naracci
Maria Inês L. Pontes
1 – INTRODUÇÃO
1.1. LEITURA
A característica básica do projeto é
que ele tem o objetivo compartilhado por todos os envolvidos, que se expressa
num produto final do qual todos trabalham. São situações
em que linguagem oral, linguagem escrita, e produção de
texto se inter-relacionam de forma contextualizada. Além do que,
dependendo de como se organizam, exigem leitura, escuta de leituras, produção
de textos orais, estudo, pesquisa ou outras atividades. Situações
lingüisticamente significativas, em que faz sentido, por exemplo,
ler para escrever, ler para decorar, escrever para não esquecer,
ler em voz alta em tom adequado.
Podem ser de curta ou média duração, envolver ou
não outras áreas do conhecimento e resultar em diferentes
produtos: uma coletânea de textos do mesmo gênero ( poemas,
contos de assombração ou de fadas, lendas, etc.)
Os projetos de leitura são excelentes situações para
contextualizar a necessidade de ler e, em determinados casos, a própria
leitura oral e suas convenções.
É preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de
aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam.
Os materiais feitos exclusivamente para ensinar a ler não são
bons para aprender a ler, têm servido apenas para ensinar a codificação
contribuindo para que o aluno construa uma visão empobrecida da
leitura.
Assim um projeto educativo comprometido com a democratização
social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade
de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos
necessários para o exercício da cidadania , direito inalienável
de todos.
Uma prática constante de leitura na escola pressupõe o trabalho
com a diversidade de objetivos, modalidades e textos que caracterizam
as práticas de leitura de fato.
Para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais
do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a escola
terá que mobilizá-los internamente, pois aprender a ler
(e também ler para aprender), requer esforço. Precisará
fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador,
algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência.
Precisará torná-los confiantes, condição para
poderem se desafiar a “aprender fazendo”. Uma prática
de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não
é uma prática pedagógica eficiente.
O projeto, além de oferecer reais condições de produção
de textos escritos, carrega exigências de grande valor pedagógico.
• Podem apontar a necessidade de ler e analisar
uma grande variedade de texto e portadores do tipo que se vai produzi:
como se organizam, que características possuem ou quais têm
mais qualidade. Trata-se, nesse caso, de uma atividade de reflexão
sobre os aspectos próprios que serão produzidos.
• O exercício de o escritor ajustar o texto
à imagem que faz do leitor fisicamente ausente permite que o aluno
aprenda a produzir textos escritos mais completos, com características
de textos escritos mesmo. Por exemplo, deve aprender que não poderá
dêitico (ele, ela, aqui, lá, etc.) sem que o referente já
tenha sido aparecido anteriormente no texto; que não se pode ser
tão redundante a ponto de correr o risco de o leitor desistir de
ler o texto: que a correta ortografia pode ajudar na compreensão
de quem lê; que, dificilmente as pessoas suportam ler textos cuja
letra é incompreensível.
• Quando há leitores de fato para a escrita
dos alunos, a necessidade de revisão e de cuidado com o trabalho
se impõem, pois a legibilidade passa a ser um objetivo deles também
e não só do professor.
• Por intermédio do projeto é possível
uma intersecção entre conteúdos de diferentes áreas.
• O projeto favorece o necessário compromisso do aluno com
a sua própria aprendizagem. O fato de o objetivo ser compartilhado,
desde o início, e de haver um produto final em torno do qual o
trabalho de todos se organiza, contribui muito mais para o engajamento
do aluno nas tarefas como um todo, do que quando essas são definidas
pelo professor, determinadas práticas habituais que não
fazem qualquer sentido quando trabalhadas de forma descontextualizada
podem ganhar significado no interior dos projetos. A cópia, o ditado,
a produção coletiva de textos, a correção
exaustiva do produto final, a exigência de uma ortografia impecável,
etc.
2. OBJETIVOS
• Desenvolver interesse por ouvir e manifestar sentimentos,
experiências, idéias e opiniões; fazer-se entender
e procurar entender os outros;
• Desenvolver interesse por compartilhar opiniões, idéias
e preferências sobre leituras;
• Desenvolver atitudes críticas diante de textos persuasivos
dos quais é destinatário direto ou indireto;
• Utilizar diferentes fontes de informações para adquirir
e construir conhecimentos;
• Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente;
• Promover o interesse em tomar emprestado livros do acervo da classe
e da biblioteca;
• Levantar questionamentos a respeito da amizade, compartilhando
as diferenças individuais e os diversos pontos de vista, as qualidades
e os defeitos.
3. JUSTIFICATIVA
O domínio da língua tem estreita relação
com a possibilidade de plena participação social, pois é
por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação,
expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões
de mundo, produz conhecimento.
A literatura não é cópia do real, nem puro exercício
de linguagem, tampouco mera fantasia que se asilou dos sentidos do mundo
e da história dos homens. Assim, um projeto educativo comprometido
com a democratização social e cultural atribui à
escola a função e a responsabilidade de garantir a todos
os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos necessários
para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos.
4. PLANEJAMENTO
4.1 .Embasamento teórico:
O projeto foi desenvolvido com alunos de primeira série do ensino
fundamental, por tratar-se de diferenças, com base na leitura da
obra de KAUFMAN, ª e RODRIGUEZ, M. Escola leitura e produção
de textos, na qual sugere que seja trabalhado a leitura e escrita com
textos diversos. É indiscutível que os leitores não
se formam com leituras de materiais escritos elaborados expressamente
para escola com a finalidade de cumprir as exigências de um programa.
Os leitores se formam a leitura de diferentes obras que contém
uma diversidade de textos que servem, como ocorre nos contextos extra-escolares,
para uma multiplicidade de propósitos.”
“O absurdo da escola tradicional é que se escreve nada para
ninguém. Todo esforço que a escola tradicional pede à
criança é o de aprender a escrever para demonstrar que sabe
escrever”( Tonucci,1977). E queremos leva-los a compreender que
fora dos muros da escola é impossível que alguém
escreva “para ninguém” e que portanto a escrita independente
do lugar é escrita para um destinatário seja ele outra pessoa
ou quem escreveu( quando escrevemos para não esquecer algo ou para
organizarmos algum tema que estamos estudando).
4.2. Atividades Práticas
• Apresentação do livro “Amigos”
Helme Heine” (Power Point).
• Exploração da capa do livro: ilustração,
título, autor, ilustrador, tradutor e editora.
• Pré- leitura:
- Conversa sobre amizade: Quem são nossos amigos? Como é
ter amigos? Quem tem um amigo? Quantos amigos? Amigo mesmo? O que é
um amigo?
- Distribuir tiras de papel sulfite e pedir que cada um escreva uma qualidade
do seu amigo ( ver molde um).
- Ler o que cada um escreveu
- Organizar as tiras num papel separando as qualidades físicas
das qualidades emocionais/morais. Obs. Provavelmente aparecerão
mais tiras do segundo tipo.
- Reunir as “crianças” em grupo ( no máximo
de cinco), e pedir para que escrevam uma definição para
AMIGO em tira de sulfite (ver molde dois). Expor as tiras com as definições.
- Com o slide da capa do livro questionar: Como será essa história?
Quais serão os personagens? Onde será que ela acontece?
• Leitura do livro (Power Point), esta fase só
será completa no curso com três horas de duração.
- Exploração, agora, dar ênfase para à ilustração:
atentar para as diferenças (características físicas)
entre os personagens e para o que têm em comum ( ação
características emocionais: prazer, aventura, movimento).
- Comparar com a 1ª página: companheirismo na ação
de brincar; na 2ª e 3ª páginas: os três amigos
caminhando, cada um com o objeto diferente na mão. Diferenças
na ação? Explorar as hipóteses de cada leitor.
- Ler o verbal e o não verbal das páginas subsequentes,
explorando os detalhes visuais e os jogos de palavras:
a) caminho pedregoso = dificuldade
b) curva fechada = perigo
c) poço d’água = fosso = obstáculo
d) ir ao matinho = fazer cocô
e) sombras ficaram comprida = escureceu, anoiteceu
• Vocabulário: fazer o levantamento das palavras
cujo significado os alunos desconhecem. Ex.: celeiro, juncos, leme, protestou,
tonel, enlatado, pernoitar e etc. Buscar o significado das palavras. Conversar
sobre as diferentes maneiras de se descobrir o significado de uma palavra:
perguntar para alguém, perceber pelo sentido da palavra no texto,
procurar no dicionário.
• Conversar sobre os personagens da história,
suas características: local onde se passa a história; o
conteúdo da história. Comparar com o que “as crianças”
disseram antes da leitura do livro.
• O que os três amigos costumavam fazer logo
ao acordar ? Situar as atividades na história: andar de bicicleta,
descansar, à beira da lagoa, atirando as pedras na água
e brincar de esconde-esconde.
• Depois que Frederico descobriu um velho barco,
eles decidiram tornar-se piratas. Como foram as aventuras dos três
amigos ? Que problemas eles enfrentaram ? Como eles resolveram esses problemas
?
barco divisão do trabalho , união.
fome divisão das cerejas, de acordo com as necessidades
de cada um.
• Logo as sombras começaram a ficar cada
vez mais compridas ...” Conversar sobre esse trecho da história.
O que significa “sombra comprida” ? Quando a sombra cresce
? Falar sobre o movimento do Sol, desde o nascer até a hora em
que se põe no horizonte. Pedir para os alunos observarem, num dia
ensolarado a sombra das árvores, casas, pessoas... em diferentes
horas do dia. Construir um relógio de Sol com um pauzinho espetado
no solo. Comparar a sombra com o relógio comum e relacionar o horário.
• “... juraram amizade eterna e decidiram
nunca mais se separar.” Conversar com os alunos sobre esse trecho,
sobre a importância da amizade, da fidelidade, da presença,
do apoio...
• Retomar os problemas que os três amigos
encontraram na hora de dormir juntos:
a) O galo entalou na toca do rato;
b) O rato tinha o nariz muito sensível para dormir no chiqueiro
do porco:
c) O peso do porco quebrou o puleiro do galo, (ressaltar essa parte da
história é compreendida a partir da ilustração,
não vem escrita. Daí a importância da ilustração
numa história.).
• Retomar o abrigo de cada animal dessa história
e também de outros animais. Cada abrigo é próprio
para as características do animal que vive lá. Pedir uma
coleta de dados sobre diferentes “habitats”. Os alunos deverão
trazer figuras e informações sobre esse assunto. Montar
um painel ou confeccionar cartazes. Trabalho interdisciplinar.
• Destacar as seguintes frases do texto:
- “Pois amigos de verdade sempre ajudam um ao outro”
- “Pois amigos de verdade sempre fazem as coisa juntos”
- “Pois amigos de verdade ninguém pode separar!”
- Discutir, em grupos, cada uma das frases e em seguida criar outras,
completando:
- “Pois amigos de verdade...”
• Montagem de painel, para cada grupo apresentar
para a classe as frases que produziu. Em seguida, com a classe, eleger
algumas frases, confeccionar cartazes e colar pela escola.
• Produção de texto:
- Escrever uma aventura bem interessante que você
viveu com um(s) Amigo(s).
Para ajudar na produção antes de iniciá-la preencha
a ficha: (Essa ficha pode ser discutida oralmente).
Personagens da História:__________________________
Características desses personagens:__________________
Local onde se passa a história:______________________
Problemas que enfrentaram:________________________
Como resolveram os problemas:_____________________
Final da história:__________________________________
- Escrever um texto coletivo sobre novas aventuras dos
amigos:
Juvenal, Frederico e Valdemar. Antes de iniciar a escrita podem utilizar
a mesma ficha para discussão oral.
• Ampliar o conceito de amigos usando agora a expressão amigo
de verdade, individualmente cada um é convidado a pensar no melhor
amigo: no que são iguais ou diferentes, o que gostam de fazer juntos,
onde, quando, por quê, etc... Em seguida desenhar num sulfite o
amigo ou colar uma foto dele, ao lado escrever sobre ele, dar um título
para seu trabalho (Amigo de verdade; Meu amigo de verdade; Um amigo de
verdade). Reunir as folhas, unir uma a outra por fita crepe, fazer uma
exposição dos amigos de verdade, medir com fita métrica
as folhas unidas e avaliar quantos “metros” de amigos de verdade
a classe tem.
5. PROPOSTA INTERDISCIPLINAR
• Português: - Produção de texto
(individual e coletiva): descrição e narração;
- Vocabulário;
- Complementação do tema: “ O Amigo” da coleção
“ Pingos” de Mary e Eliardo França, Editora Ática.
( serão dadas algumas sugestões para trabalhar com as diferentes
qualidades físicas/emocionais de cada personagem).
• Matemática: - Conceito de dobro;
- Divisão das cerejas;
- Redação do enunciado de um problema e resolução
do mesmo;
• Estudos Sociais: - Explorar visualmente a relação
personagens/espaço destacam as possibilidades de adaptação
de cada um quando há cooperação do grupo;
- Diferentes tipos de moradias e características.
• Ciências: - Animais (Classificação)
- Dia/Noite (Características, Hábitos)
- Saúde (Atividade/Repouso)
• Fechamento: Leitura do Texto: Fazer a criança sentir sede,
de Celestin Freinet.